04 julho 2014

Helder Miranda Comenta: Pior do que perder para uma amiga, é perder para si mesmo

Pior do que perder para uma amiga,
é perder para si mesmo

Foi justa a vitória de Ana Moser sobre os dois outros competidores do “Aprendiz – Celebridades”. Mas se pararmos para pensar, Ana Moser ganhou porque teve uma trajetória linear, é coerente, ética, não porque tenha traçado uma história bonita no programa, no máximo “bacaninha”. Mas, mesmo assim, ela se sobressaiu aos dois oponentes.

Um deles, Amon Lima, o preferido do público segundo enquete do R7, foi se perdendo várias vezes durante o programa, mas, de alguma maneira, sempre se recuperava. Como nas últimas duas provas em que conquistou uma vitória esmagadora em relação aos outros concorrentes, ou “concursantes”, como gosta de chamar nosso amigo Frank Killer. Mas, se fosse para trabalhar com ele, tenho certeza de que o resultado seria diferente.

Christiano Cochrane foi o nome do jogo, para o bem e para o mal. Criou alianças, participou dos piores rachas do grupo – quem vai esquecer os embates entre Nahim, que “caiu fora” cedo demais para o que ele prometia em termos de movimentação de programa, e Raul Boesel, que fez hora extra nesta edição. Mas com Christiano Cochrane, veio uma participante adicionada ao restante dos participantes.

A mãe dele, Marília Gabriela, o que é uma pena. Pois o participante tinha tudo para criar uma trajetória elegante feita por ele mesmo, mas, na maioria das vezes, optou pelo caminho mais fácil: usar da influência da mãe. Típico, é o que a maioria dos filhos que crescem à sombra dos pais faz. E, não fosse por isso, eu queria que ele tivesse ganho. Porque Christiano, até então desconhecido para mim, se tornou o grande centro das atenções. Por muitas vezes foi brilhante, esforçado, mas o que fez perder o programa foi ele mesmo.

Os telespectadores identificaram a empáfia do participante e o desprezaram, relegando-o ao terceiro lugar. Triste, porque Christiano é o arquétipo do menino autossuficiente que se torna aquele adulto confiante, por quem as meninas se maquiam para ir à sala de aula, e por quem sofrem depois de descartadas. É essa a imagem que o protagonista absoluto desta edição passa e, repito, fosse para trabalhar com Roberto Justus, seria ele o vencedor. A não ser por uma única questão que, a meu ver, seria caso de desclassificação. Utilizar o nome a mãe influente, que não está concorrendo ao programa, para ganhar uma prova final. Ele disse que não sabia, mas, por ter se mostrado tão centralizador durante suas lideranças, eu duvido muito. Outro argumento , que ele usou muito bem, foi o quesito sorte, em deferência aos cem mil reais de doação conquistados por Amon Lima. Sorte.

Mas este aprendiz foi um programa de humor involuntário. Tanto famosos como anônimos ficam estranhos e desconfortáveis na presença de Justus, sempre intimidativo, se existir esta palavra. Amon Lima, carismático com o público e com a plateia da grande final, estava eufórico e ainda mais robótico. Ao que tudo indica, aparentava sentir que venceria o programa que alardeava ser fã. Parece ser uma boa pessoa, mas o que foi avaliado era o mérito ao longo do tempo. Esta lacuna foi preenchida com fôlego e mente de atleta, quase uma concorrência desleal, como foi a vitória de Ana Moser, espetacular, mesmo sem ser brilhante o tempo todo.

No final das contas, em um jogo em que só se ganha quem destruir (de muitas maneiras) a reputação profissional do outro, ganhou alguém que aparentemente não estava tão disposta assim a vencer. Mas, como Justus disse, ele encontrou nela performance, coerência, determinação e equilíbrio.

Respondendo ao Roberto Justus a pessoa que eles gostariam de jantar, do passado ou do presente da história da humanidade, Amon disse que chamaria o sobrinho, que acabou de nascer. Ana Moser respondeu Gandhi e Christiano Cochrane, talvez para demonstrar conhecimento, Winston Churchill, um político conservador e estadista britânico, famoso principalmente por sua atuação como primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial. Depois de três meses longe das pessoas que amam, ou perderam uma chance de demonstrar naturalidade... ou não amam ninguém, do passado ou do presente.

Renato Santos, consultor do Sebrae, marcou presença com uma reflexão sobre a desistência. Pior do que perder é desistir. Cacá Rosset nunca deveria ser indicado como conselheiro. Quando o vejo, sempre o imagino como um dos mascotes coadjuvantes da Disney. Não passa a credibilidade necessária para ser um conselheiro. Mas todos fizeram um bom programa, pena que a audiência não correspondeu a este time de gente grande.

Senti falta da participação de Alexia Dechamps, aparentemente interessante de ser assistida, que não pode participar nem na volta do programa por conta de um falecimento. Como disse Ana Moser, a campeã que quase não entrou no jogo, pareceu “uma sina”. Outro que poderia ter mostrado muito mais foi Nico Puig, que sobreviveu pouco ao mata-mata. Queria ter visto mais de Michele Birkheuer, que em determinado momento do programa liderou uma campanha que soou como contrária à novela da emissora, e queria ver menos de Mônica Carvalho, superestimada desde o início por ser um nome um pouco mais conhecido do que os quase-anônimos que foram “taxados” como celebridades.

Maria Cândida foi a maior decepção, e a miss Priscila Machado, a maior zebra. Beth Szafir, que no primeiro texto foi considerada por mim insuportável, ganhou relevância e conquistou meu afeto como telespectador. Christiano Cochrane, confiante, não conseguiu dissimular a própria frustração, mesmo perdendo para uma amiga. Foi impagável, perdeu para ele mesmo e eu não poderia deixar de finalizar o texto chamando a atenção para o olhar de cachorro que caiu da mudança do protagonista absoluto do programa. Mas perder este programa era a melhor coisa que poderia acontecer para ele, que pode repensar as atitudes e o próprio gênio. Quem gosta dele, e quem adorava odiá-lo e amá-lo ao mesmo tempo, torceria por isto, para ele aprender alguma coisa – falo isso com o olhar de torcedor, era dele a minha torcida, a favor e contrária. E o maior aprendiz foi ele. Alguns destes nomes renderiam mais em “A Fazenda”, quem sabe?


Helder Miranda - @senhorhelder
Editor do site cultural Resenhando.com



Um comentário:

  1. Olá Helder, Dou sempre uma bisoiadinha aqui no votalhada, a apesar de ser a primeira vez q te vejo aqui, adorei seu cometário. Só queria fazer uns adendos ao mesmo, q no geral concordo em genero numero e grau. Quanto ao Amon, ele foi considerado vasilina pelos proprios colegas, acho q o Justus está tão cheio de gente bajulando ele, q acho q isso já é um trauma pra ele. Outra coisa em relação ao Amon é q nada foi dito ou mencionado, mas na prova da Pizzaria o Lucas irmão do amon, postou nas redes sociasi, convidando amigos em São Paulo pra comparecerem a Pizzaria alguns dias antes do evento. Se não podia ser ajudado por parentes, isso foi injusto, por isso ñ acho a vitoria dele merecedora. Só me pergunto como o Justus ñ descobriu isso. Qto a Beth Sfazir pra mim foi uma decepção . A imagem q tinha dela era de uma dama da sociedade, educada, fina, com excelente postura e bons modo, e vimos q foi totalmente ao contrario.Os palavrões, e o desprezo pelos colegas, fizeram dela uma grande vilã. O Cristiano pra mim tambem foi o melhor de todos, apesar q tambem gostei da Ana, mas ele erqa muito mais dinamico, esperto, bom raciocinio, pena q ele ñ foi carismatico e caiu na antipatia do publico.
    Agora vou te falar uma coisa com toda certeza, existiu um call center pro Amon, até no Aprendiz. Aff porque em todos os sites inclusive aqui quem tava disparado na frente pra ganhar era a Ana.
    Bem Vindo.

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