A princípio irritou o merchandising deslavado de uma rede de academias paulistana. Não teve sutileza nenhuma, o programa empurrou goela abaixo o conceito de um espaço de luxo para se exercitar. Tudo bem que um programa é mantido por anunciantes, mas, depois, veio como premiação à equipe vencedora - Sinergia - uma ida à sala vip do lugar que é considerado o melhor cinema de SP, outra propaganda, e, de quebra, um trailler do suspense espacial Gravidade, com Sandra Bullock, que está em cartaz. Eu, como telespectador, me senti usado.
Como se não bastasse aquela descontextualizada marca de cerveja na abertura, contrastando com um Roberto Justus todo duro, de braços cruzados e com cara de mau, quer mais estereótipo que isso? Aliás, o que tem a ver uma cerveja patrocinando o retorno de “O Aprendiz”? Quando era uma operadora de celulares, até dava pra ver alguma relação...
As equipes foram redefinidas da seguinte forma: Jota Júnior e Ronaldo Gasparian, os homens das tarefas vencedoras que, segundo as lideranças anteriores, tiveram melhor desempenho, escolheram os integrantes. No ímpar, venceu Jota, que, à frente da equipe Sinergia, escolheu Karine Bidart (só com muita afinidade ou algum interesse extra-profissional para escolhê-la de primeira), Evandro Banzato, Melina Konstadinidis, Carlos Nakao, Rodrigo Solano (que faz figuração e até agora não entendo porque foi escolhido para a repescagem) e Renata Tolentino. Na Flecha, ficaram: Braga Júnior, Karina Ribeiro, Guilherme Séder, Lucas Broch, Mariana Marinho, Maytê Carvalho e o líder Ronaldo.
Não creio que a aparição da mãe e do marido durante o andamento da prova tenha surtido algum diferencial no desempenho dela. Por isso, foi forçada a decisão de tirar Melina da premiação, que era frequentar a sala-vip-do-melhor-cinema-de-São-Paulo, coisa que, particularmente, me enche de sono. Mas esta é a justiça de Justus: coisa para inglês ver, humilhação em plateia, tudo em nome do que parece ser.
Fico pensando se o vencedor irá manter o padrão de vida que é ostentado no programa, e se ele será metidos-a-besta o suficiente para vestir a carapuça dessas ilusões compradas por dinheiro, esquecendo que todos, ricos ou pobres, apodrecerão da mesma forma. Mas pelo que foi visto na sala de reuniões, alguns ainda aparentam ser mais perecíveis que os outros.
As duas equipes desempenharam sem nenhuma delas chamar atenção pela criatividade. É isso que se espera em um programa desse tipo, mas o que se está vendo é um feijão com arroz, bem mal feito. A equipe Flecha levou a pior numa edição em que todos se sobressaem mais em uma sala de reunião do que executando tarefas. Alguns brilham mais que os outros, para o bem e para o mal, é verdade.
Nunca vi tanta baixaria junta em uma sala de reuniões quanto neste episódio – os “retornáveis”, talvez com receio demais de perder novamente, estão com sangue nos olhos. Querem vencer a qualquer preço, mas não fazem jus a este sentimento nas tarefas. O que pretendem? Provar ao Justus, ou a si mesmos, que ele estava errado? Aliás, Justus estava mesmo errado? Vendo o nível dos participantes, começo a pensar que não e, com esse argumento, a temporada, mais uma vez, volta a não se justificar.
Maytê Carvalho é, até o momento, a que menos passou competência para o cargo. Isso vem desde o primeiro episódio. Ela grita, esperneia, não deixa os outros argumentarem e tem um discurso vazio, que só tem força quando concentra todas as energias para atacar - e rebaixar - alguém. Foi o que ela fez, desdenhou a equipe em que faz parte e fez pouco dos outros cutucando outros participantes por pura defesa. Só por isso, mereceria ser demitida, mas creio de Justus, embora seja decidido o suficiente para ter certeza de quem não quer na equipe, vai deixando os participantes que “causam” apenas para o programa ficar mais interessante.
“Se nosso administrativo tivesse sido administrado pelo exército de Brancaleone teria sido mais sucedido, porque deu uma trapalhada atrás da outra, e a Karina (Ribeiro) não se posiciona com ênfase, ela é mulher de reticências, não de ponto final e também não assume uma tarefa clara para si, e com isso não compra brigas e acaba não defendendo suas ideias”, disse a moça, ao acusar Karine de ficar “pasmando”. Pois é, “O Aprendiz” também fabrica as suas vilãs. Essa, pós-graduada no discurso nonsense.
Mas, desde quando, para vencer um programa como este, é preciso “comprar brigas”? “O que você fez sozinha, o que você sugeriu sozinha?”, questionou Maytê à Karina. “Eu trabalho em equipe”, finalizou a vice-campeã da sexta edição em resposta. “Eu também, mas é difícil, com uma equipe dessas, que fica pasmando”, menosprezou a outra, mostrando a que veio.
Guilherme Seder também se esconde atrás da falha dos outros. Mas, ao que tudo indica, não tem vida longa no jogo. Ele esqueceu a caixa, embora acuse Lucas (o Broch) de dizer que ele próprio cuidaria da caixa. Bateu na mesa, acusou o outro de não assumir o que faz, sendo que ELE estava debruçado no objeto. ELE. ESQUECEU. A CAIXA. “Eu deixei a caixa na sua mão”, disse Guilherme. “Não, Guilherme, você estava debruçado nela”, eu diria.
Mas falta ao Broch uma sagacidade, inadmissível para quem já participou deste programa, dizer isso. E desconstruir qualquer argumento de Guilherme, que da edição que participou à de agora não cresceu em nada, é muito fácil. Parece que a experiência de vida dele só serviu para envelhecê-lo e engordá-lo. E isso é bem triste. O líder? Ah, estava gravando depoimento. Mereceu a demissão. Mas como Lucas, o desorganizado dos pagamentos, Maytê e Guilherme. Tudo na mesma leva.
“O importante é que a equipe esqueceu a caixa e a camiseta deixada pelo patrocinador de uma forma irresponsável. Somando os detalhes, vocês começam a ver nesta sala quanta bobagem vocês fizeram”, arrematou Justus. Mas há outra troca de ofensas, Guilherme não aceita que Lucas o chame de “leviano” e propõe, depois da ofensa, “zerar” o assunto. “Se for pra gente entrar nessa de um chamar o outro de leviano, aí vai ficar ruim pra todo mundo”, sugeriu Guilherme. “Concordo contigo”, respondeu Lucas. Então tá, diante de um chefe em potencial eles combinaram não se xingar mais. Alguma dúvida se devem ser contratados?
Mas isto é exatamente o que Roberto quer. Já ficou claro, em toda sua trajetória em O Aprendiz, que ele gosta de ver o circo pegar fogo. É como aquela pessoa que, antes de matar, tortura o inseto que não faz diferença. E os participantes se equiparam à aranha que tem a perna arrancada, a barata parcialmente amassada... Todos sofrerão as consequências. Mas Justus assiste de camarote, não intervém, tem o prazer sádico de torturar e ver. Mas não é um bom chefe, já que gerencia pelo caos. Pelo menos é assim que se mostra no programa. Fora dele, corra de tipos assim.
Análise perfeita e justa, porque o apresentador... É de fato um torturador que se diverte com a situação ruim dos participantes.
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